quarta-feira, 7 de novembro de 2007

die Übermensch...

"Enquanto limitados à percepção das coisas, parecemos homens em uma caverna escura, atados de maneira tal que impossibilite mesmo os movimentos da cabeça, e que nada vissem além das silhuetas de coisas reais projetadas em uma parede à sua frente pela luz de um fogo aceso por trás de suas
costas, inclusive uns em relação aos outros e mesmo cada um quanto a si próprio: somente as sombras naquela parede. Sua sabedoria, porém, constituir-se-ia na previsão da seqüência daquelas sombras, aprendida por experiência. Por outro lado, que pode ser denominado única e verdadeiramente existente (óntôs ón) porque sempre é, mas nunca vem a ser, nem deixa de ser, são os modelos de tais imagens: as idéias eternas, as formas originais de todas as coisas." SCHOPENHAUER


Esclarecendo todas as possíveis dúvidas...

Nietzsche apropria-se de preceitos Darwinistas da Teoria da Evolução tomando-as como base afirmativa da prevalência do homem evoluído sobre os menos evoluídos, e não abordando somente a evolução educacional ou espiritual, mas também, a prevalência de um homem fisicamente mais forte, assumindo um “Homem Superior”: o Übermensch, literalmente, “Super-Homem”.


Para definir o Übermensch aqui citado precisamos retomar ensinos apresentados na filosofia Nietzscheana. Vale-se da ressalva que até nos dias de hoje, o conceito abordado por Nietzsche de forma complexa e por vezes contraditória, é causa de dúvidas e incertezas naqueles que tratam dessa área da filosofia.


Esse conceito já foi por diversas vezes apropriado de forma demasiadamente equivocada por certos que visavam se beneficiar das “idéias” de um filósofo reconhecidamente brilhante do século XIX. O primeiro deles foram os Nazistas, Hitler, tomou o conceito de “Super-Homem” de Nietzsche para defender sua teoria de raça ariana, de uma raça evoluída. O que na verdade, não era a pretensão de Nietzsche. Por iniciativa de alguns pensadores franceses, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Pierre Klossowski, entre outros - iniciou-se um processo de releitura dos textos nietzscheanos. Descobriu-se, então, que Nietzsche havia sido um dos mais contundentes críticos do anti-semitismo apregoado pelos nazistas.[1]


Mais recentemente, um grupo de futuristas transumanistas, denominados Extropianos[1], que se ocupam da aceleração da evolução da vida inteligente além da sua forma atual, por meio da ciência e tecnologia.[2]


O Übermensch Nietzscheano está muito além de qualquer definição por parte desses grupos. Ele próprio não acreditava na “realidade” do Übermensch, ou seja, na existência física desse Super-Homem, nem ele próprio, nem o que hoje acreditamos ser “mentes brilhantes”. Para Nietzsche, o estado de “Super-Homem” ainda não seria assumido corporeamente até os dias de hoje.


"Apenas os medíocres têm perspectivas de prosseguir, procriar - eles são os homens do futuro, os único sobreviventes: "sejam como eles! Tornem-se medíocres!", diz a única moral que agora tem sentido, que ainda encontra ouvidos." NIETZSCHE


P.S.: Define-se assim o conceito fundamental da pesquisa e pedra angular para o desenvolvimento da Habitação Contemporânea Existencialista. Os próximos posts apresentarão leituras projetuais e elementos mais "táteis" para análise projetual.



[1] O termo “Extropiano” deriva de Extropia, que quer dizer “uma metáfora que se refere às atitudes e valores compartilhados por aqueles que desejam superar os limites humanos através da tecnologia. Estes valores (...) incluem o desejo de direcionar a pessoa na busca do eterno progresso e da autotransformação com uma atitude de otimismo prático implementado, usando o pensamento racional e a tecnologia inteligente numa sociedade aberta”.
[2] GOERTZEL, B. O culto dos Übermensch.
[1] NAFFAH, A.N. Nietzsche: a vida como valor maior.