Quando me proponho a pensar os entrecruzamentos entre arquitetura e artes visuais...
Bom, é o começo de uma grande, desejável e fértil "confusão"...
Sempre me coloco a discutir esse entranhamento da arte com a espacialidade...o transbordamento do plano bidimensional, para o tridimensional...os novos paradigmas que se colocaram na arte a partir desse processo.
Em que momento e quais os limites...podem desenhar e averiguar...se foi a arte que se apropriou da espacialidade arquitetônica, ou se foi a Arquitetura que se empossou das experiências sinestésicas propostas nas artes, a subjetividade contida, o desejo de subversão?
Como confrontar os limitantes entre um e outro? Seria isso possível?
Sinceramente, não me proponho a encontrar respostas, até por acreditar que elas não existam...
Mas o verdadeiro exercício está em discutir, em propor questionamentos e reflexões do estatuto da arte e arquitetura contemporâneas...onde elas se inserem? A ampliação do sentido de cada termo utilizado, para dar conta da nova realidade, da nova prática, e novas perspectivas de atuação e abrangência.
Quando deparei-me com a Merzbau, de Kurt Schwitters, tive a plena sensação de olhar para um aparato arquitetônico, pensei: "Isso é arquitetura"...a priori...
No momento seguinte, comecei a me questionar, se então não poderia ser o inverso...
O anseio por experiências, por registro do processo, por acúmulo de objetos, significados e significantes, na construção de um espaço que ao mesmo tempo que se constituía como um aparato para possíveis vivências, experiências sinestésicas e reflexivas, poderia ser também um discurso narrativo anunciando novos paradigmas da arte-arquitetura que estava por vir...